A poesia do neon no projeto de Daniel Bernardinelli

A lei da “Cidade Limpa” deixou São Paulo livre da poluição visual, mas levou também uma pouco de arte e luz que compunham os neons. Essa certa nostalgia daqueles luminosos é a base do projeto “Neon Marginal”, inscrito na categoria fotografia por Daniel Bernardinelli.

Ele começou a fazer esse registro em 2007, inspirado no trabalho de Tony de Marco, “São Paulo No Logo” que fotografava as “carcaças” de outdoors e peças de publicidade. “Com essa ideias na cabeça, decidi construir uma série fotográfica para preservar um pouco do underground urbano e da história da cidade”, conta. “Para mim essa série não tem fim. É um trabalho que está em constante evolução. O grande barato é esse, continuar registrando a transformação da cidade.”

Parte da série já foi exposta em mostras individuais, coletivas e permanente na Casa Fora do Eixo bem como  o trabalho “ Fontes Urbanas”. Ambos, tem São Paulo como tema. Um terceiro, #PontoMorto onde clica os carros abandonados nas ruas, também usa a capital paulista como cenário.

“Sem a menor dúvida, São Paulo é uma infindável fonte de inspiração, pra mim e pra outros artistas. Minha pesquisa artística é a cidade. Isso tem sido a base dos meus trabalhos”, relata o fotógrafo. “Acho que a cidade não é o tema central, mas o alicerce, a fonte de pesquisa. É um “eco-sistema” muito rico para se trabalhar. São infinitas possibilidades”

São tantas as possibilidades que Bernardinelli não se limitasse apenas à câmera fotográfica. Ele se autodefine como um artista visual. Começou desenvolvendo seu trabalho através da fotografia, do vídeo, de projeções e instalações. Tem pesquisado outras técnicas e suportes, mantendo, porém sua forte ligação com a fotografia e o vídeo

Faz parte do Trivela Collective , um trio formado por André Almeida e Danilo Koshimizu, que atua em direção audiovisual e desenvolve trabalhos autorais com uma linguagem artística. Para o artista, o que muda nas duas plataformas é o movimento. “O filme vem da fotografia, do quadro a quadro, mas acho importante sempre pensar na essência da fotografia e no resultado final do que você pretende imprimir. E isso muda muito de caso a caso. Eu não sou muito acadêmico, não me prendo muito na técnica. Eu gosto é de fazer. O que eu quero é fazer e aperfeiçoar, criar minha própria forma, sem muita regra.”

Bernardinelli é um grande fã do Movimento HotSpot. Ele incentivou vários amigos a também escreverem seus projetos. Também desenvolveu outro projeto na categoria Idéia com o primo,  Bruno Zanotti, que é estudante de arquitetura da FAU-USP.  Chama-se  ”Multiplicidade”  e se propõe a melhorar  a acessibilidade nas cidades.

Seu objetivo é de propagação:  “Quero que o trabalho circule por qualquer região do país e que possa receber algum destaque. Resumindo quero gerar movimento, que seja um ponto quente entre tantos projetos interessantes inscritos”, comenta o fotógrafo.

 

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