O que rolou em Salvador

Foi um pôr do sol glorioso que anunciou a chegada do Movimento HotSpot em Salvador. Paulo Borges, idealizador do projeto, usou o Instagram para desejar a todos aquele axé! multiplicando a vista do Teatro Vila Velha pela internet e dividindo a alegria de chegar com o festival à primeira capital do Nordeste.

Antes de abrir suas portas para o público, o Teatro Vila Velha recebeu candidatos selecionados pelo prêmio da Bahia e do Sergipe para um papo com Graça Cabral, uma das organizadoras do MHS, para falar um pouco mais sobre esta etapa seletiva, a proposta do festival e a próxima etapa – a imersão criativa que acontecerá durante o Tanque de Ideias na qual participarão cinco selecionados em cada uma das categorias. Foram eles, os primeiros a passear pela exposição que se estendeu por todas as áreas do teatro.

Já às cinco da tarde foi a vez dos primeiros visitantes explorarem o espaço. Até o fim do festival, mais de cinco mil pessoas passaram por lá, sem contar o público que pode ver a exposição-capsula que ocupou a praça Menininha do Gantois no Shopping Iguatemi Salvador – apoiador regional do MHS na Bahia.

Um papo sobre inovação

As atividades do Festival começaram já na sexta-feira com um papo sobre inovação com Paulo Borges numa conversa com Márcio Meirelles, ex-secretário de Cultura, grande fomentador da cultura e da inovação em Salvador, dramaturgo e diretor do Teatro Vila Velha, e com o jornalista e curador da categoria ideia Sérgio Gwercman.

Sergio aproveitou a oportunidade para falar de como pode observar e investigar o cenário atual de inovação no Brasil estando à frente de publicações como a Superinteressante e Alpha, comentando sobre a posição do Brasil na cena global de inovação, lembrou a importância da iniciativa e da necessidade de pararmos de buscar justificativas para qualquer “não-ação”: “Não dá pra mais pra gente culpar os outros pelos os nossos erros. Se você tem uma ideia, um projeto, é sua a responsabilidade fazer com que isso aconteça. Vai lá e faz”, comentou.

Da plateia, a curadora da categoria Design Gráfico, Mariana Ochs, interveio e completou: “Esse vai lá e faz que o Sérgio fala, é muito diferente do ‘vai lá e faz’ de 10 a 15 anos atrás. A economia em rede, a vida em rede, significa realmente que você pode fazer, as barreiras entre o pensar, o criar e o fazer são muito diferentes. Hoje em dia, você tem crowdsourcing, existem possibilidades de financiamento coletivo, você tem possibilidade de auto publicação… Você tem possibilidade de criar alguma coisa e leva-la diretamente ao mercado.”

Márcio Meirelles também falou de outro aspecto do momento atual onde fica cada vez mais evidente a força e a realidade da organização de uma sociedade em rede. “O mundo se descentralizou e isso está mudando o mapa do mundo. As culturas estão ganhando novos aspectos”, afirmou. Paulo aproveitou a deixa e completou : “O caos é organizado por Eros, uma eterna organização-desorganização. Nao devemos ter medo do caos. Alias, ao contrario. Temos de procurar no caos as conexões que vão nos ajudar a resolver essas questoes. O mundo está procurando agora conexões. Que atos são esses que reconectam o mundo e que organizam o caos? É isso que estamos buscando” .

Já falando sobre o Movimento HotSpot ao final da conversa, Paulo afirmou que “nao temos uma identidade específica. Somos realmente um caleidoscópio de identidades. A gente fica o tempo todo revendo e vigiando para não nos engessarmos em qualquer formato que possa parar um processo que é orgânico. Não dá para a gente saber qual é a grande cara do MHS e acho que ele nunca vai ter. Talvez o grande sucesso dele seja apresentar o amanhã. A gente quer trazer coisas para que elas fiquem sólidas e para que elas se transformem dentro de suas áreas, cada uma delas e cada uma das pessoas. O nosso gesto, o nosso esforço é ser um potencializador, um amplificador dessa possibilidade do realizar e do fazer.”

Música no Festival

Depois do tempo dedicado à reflexão e inspiração, chegou a hora do público descontrair e curtir a noite de sexta-feira ao som de Manuela Rodrigues e Neila Kadhi. As duas cantoras, representantes da vanguarda musical de Salvador, dominaram o palco do Festival e presentearam o público com shows de uma hora cada ao ar livre no Passeio Público.

Ouvidos atentos às boas ideias

A manhã de sábado começou cedo para quem foi selecionado na categoria ideia “Já me sinto honrado apenas com a possibilidade de ter chegado a essa etapa” comentou com entusiasmo Josué Preira de Almeira, o primeiro a apresentar sua proposta – o projeto “Biorecióleo”. A banca avaliadora era formada pelos curadores Ronaldo Fraga, Sérgio Gwercman, a organizadora Graça Cabral e o consultor de negócios Aldir Parisi, que representou o Sebrae. A maratona só acabou por volta das 13h30 após a analise de cinco propostas selecionadas na Bahia e em Sergipe.

Dia de informação e inspiração

Em uma conversa franca que começou por volta das 11h no cabaré do Teatro Vila Velha, o músico, dramaturgo, diretor e cineasta, João Falcão falou de trajetória pessoal a partir de sua ótica multidisciplinar. Como profissional que superou metas pessoais e acumula projetos de sucesso, lembrou que o cenário ainda não é amigável para o profissional das áreas criativas e que é preciso dedicar muito esforço para criação de oportunidades mostrar o próprio potencial. Participou do papo, o diretor Elisio Lopes Junior, criativo que atua também em teatro, TV e cinema trazendo a perspectiva da nova geração para esse cenário.

A tarde foi dedicada a um mergulho no design – da moda ao design gráfico, do design thinking à instalações. Criadores de moda Vitorino Campos e Márcia Ganem comentaram seu processo criativo em um papo mediado por Paulo Borges no Cabare. Depois, o criativo Ronaldo Fraga mostrou os bastidores da criação de suas coleções icônicas apresentadas no São Paulo Fashion Week para uma plateia atenta e participativa. A maratona terminou com Mariana Ochs discutindo o futuro do design gráfico e as perspectivas de atuação desse profissional traçando um panorama da área e transformações desse mercado desde a década de 90 até os dias atuais.

Enquanto isso, em outras dependências do Teatro, o grupo Transludus liderou um grupo numa experiência de conexão para criarem juntos, a partir de papelão, tintas e materiais de artesanato, uma instalação que partia de uma estética individual para o resultado coletivo no espaço de duas horas.

O Passeio Público também foi território de criação e ganhou um colorido diferente com instações de Alberto Pita, do Cortejo Afro, e dos grafiteiros Julio Costa e Zaca Oliveira.

O dia se encerrou com mais música. Logo após o segundo pôr do sol que o Festival assistiu, chegou a hora da apresentacao dos candidatos de musica. Tais Nader subiu ao palco no Passeio Público e animou o público feito um ímã. Em seguida, rolou o som de Nobre Balanço e Velotroz. No final, uma platéia de cerca de cinco mil pessoas encerrou a noite, cantando e dançando junto com a banda Baiana System.

No domingo ainda foi possível conferir mais uma vez a exposição capsula montada no Shopping Iguatemi e agora o Movimento HotSpot já está a caminho de Recife. Para a Bahia, um muito obrigado, Motumbá, Axé!

Show de encerramento Baiana System. Crédito: Tiago Lima

A curadora da categoria Design Grafico, Mariana Ocs. Crédito: Tiago Lima

O curador da categoria Filme e Video, Joao Falcao. Crédito: Tiago Lima

Show de Neila Khadi.Crédito: Tiago Lima

Show de abertura com Manuela Rodrigues.Crédito: Tiago Lima

Paulo Borges abre a primeira atividade do dia. Crédito: Tiago Lima

tags , ,