Um dos brinquedos desenhados por João BIRD. Crédito: Divulgação
Embaixo dos famosos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro está nascendo um parquinho de diversões. Seria como qualquer outro com escorregas, gangorras e balanços, se o designer João BIRD não resolvesse criar uma linha totalmente ecólogica.
O que estará nas praças, ganhou um linha exclusiva no ano passado, vencedora do Prêmio Planeta Casa como melhor produto sustentável de 2011, que está venda em seu site. BIRD transformou um dos grandes vilões do efeito estufa, os bujões de gás CFC em mesinhas e banquinhos, que também contam com assentos de lona de caminhão reutilizada e pés de madeira de demolição. O conjunto, batizado de Baby Bankim, foi pintado com tintas atóxicas e possui um porta-trecos colorido para guardar lápis de cor e canetinhas.
Essa busca por materiais que não agridam ao meio ambiente é uma marca registrada do designer. Ele foi o primeiro brasileiro a desenvolver casas pré-fabricadas de madeira certificada no mundo. Passou ainda dez anos viveno na Amazônia.
Desde que voltou ao Rio de Janeiro, em 2007, trabalha na Fundição Progresso, como diretor de arte e responsável pela nova fachada do espaço cultural. Entre um trabalho e outro, BIRD deu a seguinte entrevista ao site do Movimento HotSpot.
João BIRD fala, em entrevista exclusiva, sobre sustentabilidade e criatividade. Crédito: Divulgação
MHS: É de longa data a sua preocupação com sustentabiidade e agora chega nos parques de diversão. Como criou estes novos brinquedos?
João BIRD: Foi a partir da observação de que nossos parques e brinquedos paralisaram há muitas e muitas décadas. Escorregas, gangorras e balanços são os mesmos que nossos avôs e pais brincaram!
MHS: Você já tinha criado uma linha de móveis infantis com produtos reciclados. Como está a venda desta coleção que foi inclusive premiada?
João BIRD: Estão indo bem primeiro nas capitais e agora, começam lentamente no interior.
MHS: Sua experiência na Amazônia foi responsável pela sua escolha em trabalhar com madeira ou foi ao contrário?
João BIRD: Foi ao contrário. Já trabalhava com madeira desde os quinze anos, e depois de ver desmatamentos desde a década de 70, fiquei até envergonhado de trabalhar com ela. Mas, na Amazônia, encontrei projetos de manejo sustentável que me revigoraram o espírito e, hoje, temos essa alternativa de saber a procedência da madeira que se compra assim como um carro!
MHS: Qual sua opinião sobre o novo Código Florestal?
João BIRD: Esse código aprovado é um disfarce que sabemos não sustentar o que sobrar da floresta, como se não fossem nossos descendentes a herdar esse descompromisso total e irresponsável com as riquezas de Terra.
MHS: Como concilia seu trabalho de design com a direção de arte da Fundição Progresso?
João BIRD: Os dois trabalhos se fundem naturalmente, são a mesma área.
MHS: Aliás, como foi o processo de restauração da Fundição?
João BIRD: Penso que apesar de lento, devido a monumental idade do prédio, não está sendo difícil, pois a Fundição tem uma alma de riquezas incríveis. Então , o trabalho foi mais de tradução.
MHS: O seu escritório na Fundição reúne suas principais criações. Como é essa relação criatividade x trabalho?
João BIRD: Olha, no começo é bem difícil. Pois no Brasil, há uma carência enorme de uma educação financeira, o que certamente atrapalha os jovens artistas que sem essa educação apanham bastante nesse aprendizado da vida. Porém esse entendimento é fundamental para a harmonia pessoal e consolidação do trabalho.
MHS: Que conselho vc daria para um jovem design?
João BIRD: Muita pesquisa é fundamental! Muito suor também ! E nunca ter medo de ser ridículo!
MHS: A sustentabilidade veio para ficar ou é um modismo?
João BIRD: Ela é a nossa única chance de sobrevivência neste planeta!
MHS: Como funciona o NEC?
João BIRD: O NEC Núcleo de Educação e Cultura Fundição de Paz e Progresso, localizada na cidade do Rio de Janeiro é uma iniciativa voltada para a arte, cultura e educação. Trabalha com jovens estudantes de escolas públicas do Ensino Médio em situação de vulnerabilidade social. Nossa missão é de promover o acesso a diferentes pessoas no Centro Cultural Fundição Progresso e desenvolver a autonomia , cidadania bem como empoderamento, resiliência e pertencimento de nossa comunidade. Atualmente, como Ponto de Cultura, oferecemos aulas de grafite e filosofia, além de uma biblioteca comunitária denominada Orlando Miranda.