A constelação de artistas da 30ª Bienal de São Paulo

Manto da Apresentação de Artur Bispo do Rosário está presente na mostra.

Cerca de 3 mil obras de 111 artistas – 50% destas produzidas especialmente para a exposição – compõem o universo da 30ª Bienal que abre nesta sexta-feira em São Paulo. Segundo o globalizado corpo curatorial formado por Luis Pérez-Oramas, André Severo, Tobi Maier e Isabela Villanueva, esta edição não possui um tema, mas um motivo. A iminência das poéticas é o ponto de partida do qual se deduz uma série de perguntas sobre o tempo presente – entre elas, como a arte contemporânea funciona em situação de iminência, em um mundo imprevisível, marcado por acontecimentos que estão por vir e que nossos sistemas de pensamento não são capazes de assimilar plenamente.

Um dos trabalhos mais aguardados da exposição é do brasileiro Artur Bispo do Rosário. Com um acervo de mais de 800 peças, todas produzidas no manicômio em que ficou internado, no Rio de Janeiro, o artista criava suas obras com objetos hospitalares, como lençóis, e também vassouras, papéis, canecas e móveis.O público poderá ver sua peça mais conhecida, o Manto da Apresentação, que reúne bordados, mensagens e trechos poéticos e seria usado por ele no “ritual de passagem”.

Para Pérez-Oramas, “a 30ª Bienal aspira contribuir com o estado da discussão sobre o rol das práticas artísticas hoje, e não pretende, portanto, afirmar-se com respostas definitivas, ortodoxas, messiânicas”. Para tanto, a expografia da mostra está baseada em constelações,com agrupamentos de obras de cada artista e potenciais relacionamentos entre eles.

O cartaz final nasceu a partir de um workshop aberto à participação do público em 2011

O mesmo conceito se espalha na identidade visual e no material educativo. O cartaz final da exposição é composto por 30 outros criados a partir de um workshop aberto à participação do público no final de 2011. Eles são assinados individualmente pelos curadores da exposição, a Coordenação de Design da Bienal, doze participantes selecionados para a oficina e seis designers convidados.

“Os 30 cartazes respondem a um único conceito visual, que é o conceito da Trigésima Bienal. Que um único conceito possa ter 30 versões diferentes é um princípio constitutivo da Trigésima Bienal, no qual se materializam as ideias de multiplicidade das poéticas, de alterformação, de sobrevivência e de deriva das formas,” diz o curador.

Já o conjunto de publicações é composto por: catálogo, folder, guia da exposição, material educativo, edição de revista de literatura e poesia OEI e Coleção Bienal – realizada em parceria com a editora Hedra – que complementa o catálogo trazendo textos-chaves para o conceito curatorial da mostra, escritos pelos autores Filóstrato, Giordano Bruno, Giorgio Agamben, José Bergamín e Pascal Quignard.

Ainda há a versão digital com dois aplicativos: um para smartphone com informações básicas sobre artistas, obras e programação e outro para Ipad que possibilitará, além da informação básica, uma navegação expandida por conceitos, referências e repertórios que não estão necessariamente presentes na Bienal, mas que certamente irão contribuir para o entendimento da mostra.

A Bienal também se expande para fora do Parque do Ibirapuera. A iminência das poéticas estará presente no Museu da Cidade (Casa Modernista, Casa do Bandeirante e Capela do Morumbi), no MASP, no Museu de Arte Brasileira da FAAP (MAB-FAAP) e no Instituto Tomie Ohtake, bem como em intervenções pela cidade – na avenida Paulista, na Estação da Luz e em diversas obras e eventos pelas ruas de São Paulo.

30ª Bienal de São Paulo – A iminência das poéticas

Local: Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, São Paulo

Data: de 7 de setembro a 9 de dezembro de 2012

Entrada gratuita

Ter, qui, sáb, dom e feriados

Das 9 às 19h – entrada até às 18h

Qua e sex das 9 às 22h – entrada até às 21h

Fechado às segundas

 

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