A batida do maracatu, entoada pelas meninas do “Baque de Mina”, foi a deixa para que os candidatos convidados para o Festival Movimento HotSpot, em Belo Horizonte seguissem para o Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade para uma tarde de roda de conversa com os curadores da categoria Design, Moda e Música.
Waldick Jatobá: “O resultado final de um design deve ser estranho para o bem ou para o mal”
O primeiro a falar foi o colecionador e curador da Galeria Firma Casa, Waldick Jatobá sobre o tema “Design, inovação, imaginação”. Mostrando obras dos Irmãos Campana, Ron Arad, Maarten Bas, Rodrigo Almeida, Léo Capote e da dupla Neute e Chvaicer, quis ressaltar a importância da arte que está por de trás da função de um objeto. “Devemos lembrar que toda a aglutinação, junção, combinação que há nas obras dos Campana, por exemplo, é feita para buscar uma nova forma em peças que possam ser usadas no dia-a-dia”.
O caminho apontado por ele para os jovens é a experimentação. “Fazer e refazer até chegar a uma qualidade inquestionável do objeto”, explica o curador. “O resultado final deve sempre surpreender para o bem ou para o mal”. Waldick destacou, também, a importância de saber qual seria o melhor modelo de negócio para a criação: escala industrial ou o mercado de arte. “Se for este o caminho, deve se respeitar sempre a limitação das peças e jamais produzir mais do que o combinado só porquê obteve sucesso. “
Para Susana Barbosa, ” a revista de moda tem de ser linda e ter espaço para criar”
Na segunda roda de conversa, a diretora de redação da revista Elle contou o que há “Por dentro da redação” , descrevendo o processo criativo por trás da publicação de um dos títulos mais importantes do mundo. Mostrou as capas, seções fixas e editoriais que dão o tempero da publicação e falou do malabarismo em colocar as ideias no papel lidando com prazos, agendas, orçamentos, imprevistos. ”Sonhamos com mundo ideal, porém trabalhamos com o mundo real”, afirma. “Com isso temos de lidar com as mais diferentes variáveis incluindo aí até a previsão meteorológica se estivermos fazendo fotos externas”.
A Elle brasileira foge um pouco do padrão das edições dos outros países, se posicionando aqui como uma revista de luxo. Com cerca de 350 páginas por mês, é uma das maiores revistas de moda do Brasil. “Nosso foco é o luxo, só que aquele mais descolado. Tratamos de temas polêmicos de forma aberta e sempre mostrando a moda como um comportamento, não apenas com um look.”
Quanto a transição das publicações impressas para o digital, na sua opinião, ainda todos estão atrás da melhor forma de se fazer isso. ”Já temos a versão da Elle para tablet. A primeira fizemos com vídeos, fotos, matérias extras e era de graça. Agora, compramos mas não há conteúdo extra. Estamos testando para saber para onde ir”.
Curadores participam da roda de conversa “Remix, até quando” onde falam da interferência no passado.
Aliás, o chegada da internet e as suas possibilidades de conhecimento e divulgação mudaram radicalmente a indústria fonográfica tanto na parte dos músicos como na questão do jornalismo musical. Este foi um dos temas discutidos na roda de conversa: “Remix, até quando?” com a participação José Flavio Junior, crítico de música revista Rolling Stone, além de Suzana e Waldick e com a mediação de Augusto Mariotti, da organização do Movimento HotSpot.
“Com essa mudança de paradigma, não sabemos qual será o futuro da música”, comentou José Flávio Júnior. ”Hoje em dia, qualquer um pode escutar canções de qualquer parte do mundo e escrever sobre elas. Nosso papel está se transformando. Não somos mais aqueles que apresentam as novidades, mas mostramos o lugar onde encontrá-las”.
Para Susana, se deve ter um pouco de cautela com os chamados blogs de moda. “O que é feito ali não é exatamente jornalismo, é outra coisa. Nós que atuamos neste meio há anos temos um olhar, um conhecimento histórico, uma experiência que nos dá um repertório diferente para falarmos sobre moda com muita mais propriedade não importando aqui a plataforma”.
Quanto a busca pelas referências do passado, todos foram unânimes em afirmar que o mais importante é o novo sem se perder as tradições e principalmente, fugindo das cópias. “O artista hoje em dia deve se apropriar de uma linguagem própria e esquecer as chamadas homenagens. Podemos sim, nos basear nas escolas de arte, mas sempre buscando algo diferente”, afirma Waldick. Na área de música, José Flávio observa que o Brasil é um país muito rico em ritmos e sons e sempre inventa coisas novas. “Agora estamos vivendo a era do funk carioca que é muito respeitado lá fora. Temos de parar com nosso complexo de inferioridade e assumirmos que quando optamos por fazer coisa locais, fazemos muito bem. Somos muito criativos”.
Apresentação dos dançarinos no Quarteirão do Soul.
Uma mostra desta criatividade foi dada pelos dançarinos do Quarteirão do Soul, que se apresentam todo os sábados embaixo do Elevado Santa Teresa. Depois da dança, os candidatos foram para o Granfinos acompanhar os sons dos selecionados, Daniel Limaverde (RJ), Gigi Suleiman (SP), Janaína Fellini (PR) e Dom de Oliveira (SP).
A noite terminou ao som do street jazz da banda Zimun e a balada com os DJs da Festa Alta Fidelidade.
Nesta segunda-feira, será divulgada a lista dos candidatos que participarão da fase de imersão que acontece de 25 a 30 de julho. No dia 31 de julho, teremos a grande festa de premiação final. Fiquem de olho!
Apresentação da banda Zimun
Apresentação Dom de Oliveira
Apresentação de anaína Fellini
Apresentação Gigi Suleiman
Apresentação Daniel Limaverde