No dia 12 de outubro, o jornalista norte-americano Douglas Mayhew realiza um sonho. Ele lança em Nova York, o livro “Inside the favelas: Rio de Janeiro” que fotografou, produziu e financiou depois de conviver por mais de quatro anos em 80 comunidades, antes e depois da UPPs.
São 280 imagens de escadarias das favelas e do emaranhado de fios nos postes que servem como metáforas da organização social nos morros já que não podia fotografar rostos, armas, drogas ou operações policiais. Em entrevista ao jornal “O Globo”, ele explica que “nos postes, os gatos são uma metáfora para a rotina dessas pessoas que vivem um drama eletrificado. Quando chove, as conexões soltam faíscas e podem eletrocutar alguém a qualquer momento. E a escada é a área de lazer, de encontro e até da arte, seja em frases corajosas que desafiam a ordem vigente, como a inscrição “poesia sempre”, que encontrei, seja em grafites, que geralmente são apagados rapidamente.”
Ele quer levar esse olhar para o restante de mundo que é comum a quem chega ao Brasil. A curiosidade pelas favelas surgiu depois de conhecer o tratamento dado a um menor, vítima de um tiroteio na Rocinha. Mayhew trabalhava como voluntário no setor do recreação do Hospital Miguel Couto e ficou alarmado com a realidade de “guerra civil” que a cidade vivia e foi tentar conhecer de perto o dia a dia dos moradores dos morros cariocas.
O fotográfo buscou entender melhor como acontece as relações nas favelas cariocas para compor sua pesquisa. Antes de vir ao Brasil, ele não conseguia conceber um local de moradia em que a vida humana estivesse constantemente ameaçada por diversos fatores, como as chuvas, doenças e tiroteios. Antes de morar no Brasil, Douglas coordenava uma galeria de arte em Nova Iorque para onde volta agora para promover seu livro.