Cabaré de Thiago Pethit

Crédito: Gianfranco Biceno

O paulista Thiago Pethit abandonou a carreira teatral, mas não o palco. Trocou textos por letras de músicas e se firmou com uma das novas revelações da MPB.

Define seu som como POP que mistura todos os gêneros e se aproveita da internet para divulgar, criar e se atualizar. Não segue regras, não tem uma cartilha, mas sabe que seu caminho é música de qualidade. O seu novo álbum “Estrela Decadente”, atualiza o seu cabaré e ao lado do produtor musical Kassin, do diretor de arte Pedro Inoue, constrói um discurso estético contundente.

Thiago é parte da geração que trabalha em grupo, que busca saídas e que não esmorece frente às dificuldades. Como muitos candidatos do Movimento HotSpot, dá a cara para bater. Na capa do CD, aparece com a boca borrada de batom, que sustenta ao canto o final de um cigarro.

Com esse perfil, nada melhor do seu show para encerrar a etapa de Festivais, em Belo Horizonte,na sexta-feira, no Granfinos. Acompanhe abaixo sua entrevista:

MHS: O que vai apresentar no show em Belo Horizonte? Músicas do ultimo CD “Estrela Decadente”? Alguma Inédita?

Thiago Pethit: Tenho chamado o show de “Estrela Decadente Tour”, porque embora seja baseado nas músicas do disco, é um show em constante mutação e que  tem uma cara própria pra além do disco. Entre as novidades, vou mostrar algumas versões de outras músicas como “I Put A Spell On You” e “My Girl”. Ambas norteadoras para a estética que inspirou o álbum e o show.

MHS: Como usa a internet para divulgar seu trabalho?

Thiago Pethit: A Internet é o meu trabalho. Uso de todas as maneiras possíveis, a maioria dos aplicativos e redes sociais.

Primeiro, porque gosto de estar por trás das minhas páginas, sem produtores ou assessores escrevendo por mim, com um contato mais direto com o público. Isso facilita muito a divulgação e propagação das músicas, vídeos e shows. Dificulta a minha vida, mas ai é outra história. Acredito que tudo o que é postado numa rede social, seja uma frase, uma ideia, uma foto, vídeo… tudo é produção de conteúdo sobre o meu trabalho. Por mais bobo ou simples que seja.Por isso mesmo é bom que não seja nem bobo e nem simples. É com esse pensamento que eu invisto nas redes e isso funciona porque não só divulga como se torna o trabalho em si. Sem querer soar pretensioso, até porque é mais simples do que parece, cada vez mais eu percebo que a internet me traz a possibilidade de não só fazer música. De ser um criador em termos mais amplos, de conteúdos diversos, de imagens, de textos e tudo isso é o que vai se somando ao meu trabalho musical e o torna mais acessível.

MHS: O q acha do Movimento HotSpot ter uma categoria Música? Já participou de prêmios como este

Thiago Pethit:  Acho maravilhoso qualquer tipo de incentivo a música. É uma carreira muito difícil e que muitas vezes, depende de um lance de sorte. Ganhar um prêmio como esse, se bem utilizado, pode trazer muitas vantagens. Nunca fiz parte deste tipo de premiação. Concorri duas vezes ao VMB da MTV que tem outras funções mais mercadológicas. Para ser bem sincero, eu não gosto de competições e prêmios em geral. O grande prêmio é conseguir por si mesmo criar e sustentar uma carreira que tenha valor real por si própria. Sinto que, muitas vezes, as pessoas se preocupam mais com os prêmios que vão e vem por aí.

MHS: Hoje em dia é natural os artistas terem formação multimidia? O teatro te ajuda a encarar o palco?

Thiago Pethit: Sim, me ajuda muito. E não só como artista performático. O teatro me ajudou a entender que é importante construir um conceito, um contexto, uma história. Não só para o palco, mas nas fotos, nos cenários, na sonoridade. Foi um veículo de expressão muito embasador pra mim realmente.

MHS: Como define sua música?

Thiago Pethit: Minha música é POP. Não em relação aquela contradição clichê entre rock x pop. Minha música tem elementos e influencias do rock, do folk, da música erudita, do teatro. A verdade é que o pop no século XXI abarcou todos esses estilos e cada vez mais, por incrível que pareça, eu acredito que com a desestruturação do mercado fonográfico, se começa a criar uma cisão entre seu significado mais profundo que é ser a ‘música popular’ dominante no mercado (seja ela a country nos EUA, o sertanejo universitário no Brasil) para se tornar outra coisa. David Bowie era do rock mas era pop, isso faz mais sentido hoje em dia, do que nunca.

MHS: Você fez parte de um coletivo “Novas Paulistas”. Como o coworking ajudou no desenvolvimento de sua carreira?

Thiago Pethit: Trabalhar em conjunto é muito importante. Dividir, trocar, escutar, mostrar ao outro e principalmente lidar com os egos, são aprendizados que a gente não esquece nunca.

MHS: É dificil quebrar a barreira da industria fonográfica e se firmar como músico?

Thiago Pethit: É difícil tudo hoje em dia. Acho que isso não vale só para o mercado musical, seja ele indie ou parte da grande industria fonográfica, que também vai mal das pernas. São novos tempos e tudo tem mudado com muita velocidade. Então é mais fácil errar bastante do que acertar no meio disso. Eu acho bem difícil ser músico, mas não me importo nem um pouco de continuar errando. Acho que a chave do prazer que se contrapõe a dificuldade é essa.

MHS: O que os selecionados do MHS podem fazer para ter uma carreira de sucesso?

Thiago Pethit: Olha, eu sempre digo a mim mesmo e aos outros que sou um péssimo exemplo. Mas um péssimo exemplo que de alguma forma, dá certo. Eu não sigo nenhuma cartilha, não trabalho da maneira que todos aconselham e não busco muita ajuda superior ao mercado. E se mesmo assim, algo dá certo, eu tenho certeza que é porque não basta ter talento ou ser moderno, conhecer as pessoas certas. É necessário que ter um tesão tão grande que te faça trabalhar muito, em todas as áreas, especialmente naquelas que você não gosta ou não sabe fazer, seja no design de flyer, seja resolvendo problemas burocráticos de produção. E trabalhar mais ainda quando as condições são adversas, quando você acha que menos as coisas estão fáceis pro seu lado e quando você sinta que nada do que você fizer vai ter alguma relevância reconhecida. Tem que ser por você mesmo e pelo teu desejo. Por isso mesmo, ele tem de ser imenso.

MHS: O que te inspira?

Thiago Pethit:  Minha vida, meus amigos, amores, o mundo em que vivemos, as adversidades deste mesmo mundo, minhas frustrações principalmente e algumas belas canções já feitas por aí.

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