Logo na entrada das exposições na etapa regional do Movimento HotSpot havia uma placa de madeira com um texto. Os desavisados que passassem direto iriam se deparar com trabalhos de mais de 300 criativos de todo Brasil divididos em 10 categorias (as de Ideia não estavam expostas), mas quem parasse um minutinho para ler aquele texto compreenderia que o objetivo era muito maior.
Naquele texto, que a memória impede de recordar com precisão as palavras, começava com “Isso NÃO É uma exposição”, e quebrando paradigmas em cada frase passava por “tudo aqui é potencial” , “criatividade brasileira” e terminava em “fazer vibrar mentes em conjunto”, ou seja, o manifesto de um Movimento em movimento.
Foto por Reynaldo Costacurta Neto, retirado do site www.qualquerbobagem.com.br
Daquela etapa saíram talentosos finalistas, cada um escolhido por alguma particularidade e para que juntos corressem riscos para o produzir o improvável. Da imersão de cinco dias, um universo criativo se formou, onde o espírito de criação, de colaboração e tentativas foi compartilhado, e assim o laço criado.
O processo confirmou o que Paulo Borges vislumbrou ao criar o Movimento HotSpot: capacidade de juntos gerarem transformação. Se em cinco dias o fruto da capacidade criativa conjunta e com recursos limitados foi de tamanha qualidade, quais seriam os limites do potencial uma vez não existissem barreiras?
Em 01 de agosto de 2013, o momento da experimentação criativa havia terminado, entretanto com os participantes inquietos e com vontade enorme de causar mudanças.
A busca por formas de trabalho juntos começou, era necessário encontrar uma concepção que fosse verdadeira a todos. Conforme o tempo, discussões e a pela interação do grupo ficou claro que o sentimento mútuo era de reinterpretar importância cultural do Brasil para as próximas gerações: realizar o processo que o HotSpot uma vez nos uniu.
De pequenas ideias nasceu um manifesto. Neste descreve um movimento criativo alicerçado em pontos determinantes. Qualquer proposta do movimento deve se embeber de nosso imaginário local, ser economicamente viável, inovar ou experimentar e ser resultado de uma interação de no mínimo duas pessoas. Quatro valores balizadores, guias das nossas ações mas nunca limitadores.
Batizado de Revoada, esse movimento começou a tomar corpo nas últimas semanas, com os participantes articulando-se em pequenos e grandes vôos, ao mesmo tempo que o movimento se articula com parceiros que geram demanda e canalizem a produção do Revoada.
O conceito é que os participantes se encontrem a fim de formar parcerias de trabalho. Esses voos resultariam em produto projetual ou artístico embasado sobre os quatro pilares, guiados pela interpretação do briefing e determinado pela parceria.
Se é ousadia ou pretensão, isso veremos em breve.