Desenhos mostram o processo criativo da ilustradora Veridiana Scarpelli. Crédito: Veridiana Scarpelli /Cosac&Naify
Vitório nasceu de geração espontânea. Seu parto e pouco menos a sua concepção foram planejados. O porquinho, personagem do primeiro livro da ilustradora Veridiana Scarpelli, impôs seu nariz rosado e sua roupa de super heroí e se materializou por meio das mãos delas de maneira natural.
Veridiana, na verdade, estava em trabalho de forceps para uma outra estória cuja a protagonista era uma menina que não gostava de tomar banho. Como ela faz com seus clientes, planejou tudo, pensou no enredo, desenvolveu um roteiro escrito. Achou que assim seria fácil parir o livro. Ledo engano. Essa menina não quis se aventurar neste mundo de meu Deus, ainda mais com tudo assim tão certinho. Então, o porquinho veio, tomou seu lugar e está nas prateleiras das livrarias vivendo “ O sonho de Vitório”, lançado pela Cosac&Naify.
“Acho que essa incapacidade de desenhar o personagem da menina veio, justamente, dessa demanda de fora para dentro. O Vitório aconteceu de dentro para fora e eu não sei muito explicar como. Desenhei ele, gostei, desenhei mais, e outros personagens, pensei no sonho e rascunhei o livro. Tudo numa tarde”, relata a criadora.
Se como todo o processo de maternidade é assim inesperado, no seu dia-a-dia profissional, a ilustradora trabalha com clientes como revistas, jornais e outros demandas com prazos variados e tudo sai rapidamente e sem dor. Dona de sua própria empresa, ela se desdobra entre as contas prestadas ao contador, o atendimento ao cliente e a criação em si. Como ela diz, a lógica é a mesma de um escritório, só que de apenas uma pessoa.
Sua formação é de arquitetura. Estudou na FAU-USP, um caminho muito comum para quem quer ser ilustrador já que a bagagem que se leva de lá é interessante e diversa, mas o talento vem desde cedo. “Quem é ilustrador sempre desenhou, sempre se expressou assim, desde criança”, conta Veridiana. “A ilustração é, ao meu ver, uma consequência natural de uma forma de expressão que sempre existiu na pessoa – transformado em ganha-pão, claro. Então, eu diria que cada um tem sua linguagem e, quanto mais propriedade a pessoa tiver dessa linguagem (quanto mais sincero o desenho for), mais forte ela fica. Mas, nunca é bom ser auto-inferencial demais. Tem que estar sempre olhando em volta”
O seu “olhar em volta” inclui o trabalho de outros ilustradores, filmes, livros, música, viagens. “O desenho é, e sempre foi, a linguagem pela qual eu me comunico mais confortavelmente. Então, meu desenho acontece influenciado por todo o repertório da minha vida – emocional, profissional, intelectual, familiar”, relata a ilustradora.
Para ela, há um crescimento do interesse pela ilustração no Brasil e está se formando agora uma cultura na área que não existia antes e que abre caminhos para novos profissionais como o que estamos promovendo aqui no Movimento HotSpot.
Em vídeo, Veriadiana conta como nasceu ” O sonho de vitório” :