Foram quatro anos para realizar o filme “Evoé” que retrata a genialidade de Zé Celso Martinez, líder do Teatro Oficina, uma das companhias mais conectadas com o seu tempo. Os diretores Tadeu Jungle e Eliana Cesar se debruçaram durante este período entre gravações e pesquisas. O trabalho faz parte da série Iconoclássicos, organizada pelo Itaú Cultural e por isso, os criadores resolveram disponibilizaram, agora, gratuitamente na internet.
“Este filme está sendo lançado num box de DVDs. Como estes DVDs não poderão ser comercializados e o objetivo é fazer com que o filme seja visto pelo maior número de pessoas possível, resolvi colocar uma versão online no Youtube e outra para ser baixada num DVD com capa e tudo”, explica Jungle. “Convido a todos, mesmo os que não são fãs do Teatro Oficina, a arriscar um mergulho nesta experiência cinematográfica. Acho que este é um importante documentário para ser exibido em escolas, centos culturais, etc.” A única exigência é deixar uma mensagem na página para que ele possa computar o interesse das pessoas e ter a dimensão do público total do seu trabalho.
O filme é conduzido pelo próprio Zé Celso e mostra suas opiniões e pensamentos sobre política, cultura, religião, drogas, amor, por meio de quatro viagens que são os pontos-chaves de sua trajetória: Sertão da Bahia; Praia de Cururipe, em Alagoas; Epidaurus e Atenas, na Grécia; e em sua casa, em São Paulo. Um outro ponto interessante é que o documentário não segue datas e nem oferece muitas informações sobre os outros personagens que fizeram parte dessa trajetória. Passam por eles figuras como Pascoal da Conceição, Maria Alice Vergueiro, Bete Coelho e até mesmo Silvio Santos, sem merecer legendas ou explicações.
Ao longo de décadas, Zé Celso acumulou um extenso acervo sobre si mesmo. Programas de TV, imagens de suas peças, gravações que ele fez de episódios corriqueiros, quase banais. Com o filme, se pode conhecer um pouco mais da genialidade do diretor e seus espetáculos antológicos, como “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade – símbolo do movimento tropilicalista, em 1967; sua fase dedicada a contracultura nos anos 70; Hamlet, de Shakespeare (1993); As Bacantes, de Eurípedes (1996); e Cacilda! (autoria do diretor, 1998); e, por fim, em 2002, a montagem na íntegra da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, pelo Teatro Oficina. Um verdadeiro clássico do teatro nacional!