A fila se estende pela rua Francisco Otaviano, na entrada do Forte de Copacabana, por mais de 300 metros. Mesmo com o tempo chuvoso e a longa espera, ninguém desiste de visitar a exposição Humanidade 2012. O local se tornou o espaço mais democrático da Rio+20, por ser gratuito e por tratar de temas tão mais próximos ao dia-a-dia das pessoas do que as intermináveis reuniões de cúpula que acontecem no Rio Centro.
O objetivo de humanizar a relação com a natureza foi mesmo o mote de criação da artista Bia Lessa, responsável pelo projeto.“Diante do momento histórico que estamos vivendo, é necessário que a palavra Humanidade se fortaleça e possamos, juntos, dar um passo adiante”, afirma a diretora. “Por isso, a exposição foi feita para uma reflexão interna e externa, as pesssoas entram nas salas, se fecham com a realidade dos números e depois se abrem para um contato direto com a natureza”.
A construção feita com andaimes permite a entrada do sol, da chuva, do vento e de uma visão privilegiada do mar. Por questões de segurança, a entrada é controlada por grupos de 5 mil pessoas por vez. Já foram mais de 150 mil visitantes que se encantam com as dez salas de exposição; Capela – Espaço das Humanidades; Terraço do Olhar; Jardim dos Encontros; Café Cultural e o Auditório das Humanidades.
Para a concepção e montagem, foram apenas três meses de trabalho. “Um parto à forceps”, lembra Bia em entrevista no YouTube e faz uma analogia; “a urgência que tínhamos para criar e construir esse epsaço, é a mesma que temos que achar uma solução para o planeta Não temos mais tempo para esperar. Temos de encontrar uma nova forma de viver”.
Uma das salas que mais chamam a atenção é a Capela. Nela, há um biblioteca com mais de 7 mil títulos escolhidos por diversas personalidades como Caetano Veloso, Jô Soares, Daniel Filho, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, entre outros. Além do saber, há uma mensagem de união. No centro da sala, existe um pêndulo fora do eixo, representando a terra fora de si e a necessidade de colocá-la no prumo. Para isso, 100 pessoas precisam fazer o mesmo movimento, simbolizando uma ação global. Neste momento o marcador se dirige ao centro e pássaros de origami invadem a sala e todos os espaços externos da exposição, criando uma representação de harmonia com a natureza.
Para ver esse e outros espetáculos lúdicos é que o público não arreda pé da fila. Vale a pena e experiência.