J.C. Serroni já formou mais de 500 alunos e diz que curiosidade e perseverança são fundamentais para quem quer seguir carreira. Crédito: Escola de Teatro/Divulgação
Se aqui no Movimento HotSpot, nós estendemos o prazo de inscrições para até dia 02 de setembro, o mesmo não acontece na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Lá, o processo seletivo vai até amanhã e entre os cursos regulares está o de cenografia, uma das categorias do MHS.
São apenas 18 vagas e o curso tem como coordenador J.C. Serroni, um dos mais premiados profissional do setor, autor do livro “Teatros do Brasil”, e prestes a lançar outro intitulado “História da Cenografia Brasileira”. Com mais de 11 anos de experiência, já ensinou para mais de 500 alunos. “ Não sei se todos eu formei, mas muitos estão aí no mercado, trabalhando, produzindo, ganhando prêmios”, conta o professor. “Há cerca de 10 anos, eu concorria ao Prêmio Shell com o Charles Möeller, que foi o meu aluno, e ele ganhou. É uma honra.”
Ele explica que um curso de cenografia é muito próximo do de arquitetura, do desing e das artes plásticas, complementado pelo teatro: dramaturgia, produção, especificidades técnicas, etc.
Quando era jovem, não havia nada parecido com que a Escola de Teatro oferece, por isso optou por estudar arquitetura. “Eu fazia pintura na minha adolescência e,um dia, um diretor de teatro amador de São José do Rio Preto, onde nasci, me pediu pra pintar uns telões para uma peça. Mesmo sem saber direito, meti as caras e fiz. Me envolvi com o grupo, acabei sendo até ator na peça e cuidei do cenário e dos adereços. Tomei gosto pela coisa e continuei. Acabei depois de 3 anos vindo para São Paulo a procura da cenografia. Entrei na FAU – USP e daí em diante segui carreira”, relembra Serroni. Hoje, mesmo tendo outras alternativas, ele acredita que a arquitetura continua sendo uma boa escola para quem quer seguir carreira nesta área.
Por sinal, o profissional de cenografia ampliou muito seu foco de atuação. Primeiro, se resumia a trabalhar com teatro, a dança, a opera, o cinema e a TV. Hoje, o mercado cresceu e o cenógrafo pode atuar também nas áreas de exposições, museografia, estandes, carnaval, festas, publicidades, eventos, parques lúdicos, entre outros.
Serroni tem sua carreira intimamente ligada ao teatro. Por mais de uma década coordenou o Núcleo de Cenografia do CPT – Centro de Pesquisas Teatrais do Sesc-SP, coordenado por Antunes Filho. Essa experiência foi fundamental para abrir o Espaço Cenográfico de São Paulo, um laboratório permanente de reflexão e pesquisa cenográfica onde pode excercitar diversos processos de criação.
“Meu processo criativo varia de projeto pra projeto. Tem aquele mais rápido, onde partimos de um texto, discutimos com o diretor e propomos. Temos aqueles mais lentos, de pesquisas, experimentos, feito em colaboração. São esses os que mais gosto. Poder pesquisar e amadurecer as ideias, dividir com todas as áreas a criação. O bom espetáculo de teatro é feito da soma de cada artista, em suas áreas especificas” comenta.
Para quem tem interesse em seguir carreira, Serroni diz que o mais importante é ser curioso e ter perseverança. “Precisa gostar de arte, de teatro e ter uma certa sensibilidade e estudar”. E aconselha: “buscar conhecimento sempre e estar antenado no mundo também ajuda”.
Dez mandamentos da cenografia 1. Ator é o centro do espetáculo. 2. Cenografia não é “shopping center”. 3. Cenografia é uma arte integrada. 4. Cenografia e luz se dependem. 5. Cenografia é imitação da realidade. 6. Cenografia necessita sempre de projeto. 7. Em cenografia nunca se contente com a primeira idéia. 8. Seja simples, porém não simplista. Procure a síntese. 9. O piso do palco também é cenografia. 10. Em cenografia nada pode ser gratuito. Fonte: O Estado de S. Paulo |