Se ainda a reciclagem é incipiente aqui no Brasil e o aproveitamento se dá apenas do alumínio e garrafas pets, outras soluções criativas estão surgindo para aproveitar até o lixo orgânico. Este é o caso de um tijolo feito com a partir destes resíduos desenvolvido pelo químico técnica, Marcelo dos Santos, na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo.
O processo é o seguinte: a fábrica recebe o saco de lixo recolhido nas casas. Separa o que é material reciclado – que é vendido a uma cooperativa e retém o material orgânico. Essa será a base de matéria-prima. Para livrá-la da bactérias, vírus, fungos ou vermes capazes de produzir doenças infecciosas, após passar pelo triturador, recebe uma composição química que esteriliza o material. Este produto foi desenvolvido após dois anos de pesquisa, realizada durante os estudos de mestrado de Santos.
Em seguida, essa massa pastosa passa por uma máquina peletizadora, onde é dividido em pequenos pedaços. Essa máquina também foi desenvolvida por Santos e pelo seu sócio o metalúrgico e sociólogo José Antônio Masoti, já que o custo no mercado era inviável, cerca de US$ 100 mil.
A composição em pedaços, então, é levada para um forno e passa por secagem para a última etapa da produção do material orgânico, que será utilizado na produção dos tijolos. Em um moinho, o produto é transformado em pó, para poder ser acrescentado na produção dos blocos de concreto.
Com esse processo , o custo para a fabricação de cada tijolo pode cair pela metade, já que o produto originado pelo lixo doméstico é autossustentável e pode substituir até 50% da areia e 30% do concreto utilizados na produção convencional.
Porém, o pó ainda aguarda o credenciamento e os testes finais do para que possa ser comercializado. Os protótipos produzidos com 30% da quantidade normal de areia e 20% de concreto atingiram resistência equivalente ao dobro do exigido pelo Inmetro. Os novos testes foram feitos pela Universidade de São Paulo (USP), de São Carlos, afim de ajudar no credenciamento da técnica.