Meu nome é Gal

“Quando voltei do exílio londrino, me apresentava usando batom vermelho. Meu cabelo descia até os ombros e era repartido no meio. Um retrato vivo de Gal, pensado como uma homenagem a ela ter encarnado os tropicalistas expatriados durante aqueles anos”, comentou Caetano Veloso, em 2011, na época do lançamento do CD e a turnê de Recanto, mais recente trabalho de Gal Costa.

E é com esta ousadia que sempre personificou que a musa baiana é a convidada desta noite para o show de encerramento do Movimento HotSpot. “Tem tudo a ver cantar para este público na entrega de um prêmio de inovação”, comentou Gal. “Recanto é um disco é vanguarda, diferente, intenso.”O CD é nasceu de uma parceira com Caetano. Ele fez as músicas, produziu com Kassin as faixas eletrônicas e ainda dirigi os shows. “ Eu já estava pensando em lançar um disco novo quando Caetano me convidou para trabalharmos juntos nesse projeto. Ele já estava com o caminho traçado na cabeça, e só precisava começar a compor. Quando ele foi me mandando o rascunho das músicas, já pude perceber que era aquilo que eu queria e precisava para mim. Entramos em estúdio e trabalhamos juntos, com o Moreno  também, e o processo todo foi muito prazeroso”, conta a cantora. “Acredito que isso esteja refletido nesse novo caminho que refresca o som. Caetano tem uma visão estética como nenhuma outra pessoa e é um dos melhores compositores que conheço. Nossa parceria sempre foi muito frutífera.”

Frutífera, longeva e desde muito tempo, transgressora. Em 1968, ela chocou  a platéia com visual inteiramente hippie para interpretar a elétrica Divino, Maravilhoso, no IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. A canção, de Caetano e Gil, conquistou o terceiro lugar, perdendo para Memórias de Marta Saré (cantada por Edu Lobo e Marília Medalha) e São Paulo, Meu Amor, de Tom Zé. “Muitos nomes da minha geração foram apresentados em festivais de música, então acredito que esse apoio inicial feito por projetos como o Movimento HotSpot pode ser muito importante”, reforça Gal.

Quarenta e cinco anos depois,  baiana volta a se encontrar com o público jovem.“ A garotada está cada vez mais próxima de mim. Vejo em todos os shows essa presença e me deixa extremamente satisfeita. É um imenso prazer saber que esse interesse não se dá apenas por Recanto, mas também por todo meu trabalho.”

Mesmo ainda com suas referências musicais enraizadas, Gal gosta de ouvir coisas novas, principalmente pela internet, YouTube. “Curiosamente, o último disco que comprei foi o de Caetano, pelo iTunes”, ri da coincidência.

No palco, Gal é acompanhada por Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão) e Bruno Di Lullo (baixo). O show será transmitido ao vivo aqui em nosso portal.

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