Ronaldo Fraga participa da última etapa do scouting realizado no Rio de Janeiro. Crédito: Fernando Teixeira
A cidade do Rio de Janeiro fechou com chave de ouro, a etapa de busca do Movimento HotSpot. O estilista e curador da categoria Ideia, Ronaldo Fraga, emocionou a platéia de mais de 100 pessoas com o seu jeito de contar e fazer histórias em cada coleção. O público ainda pode tirar suas dúvidas sobre todas as etapas do MHS e ouviu o depoimento de duas candidatas já inscritas.
O evento começou com a explanação de Ana Cecília Springefeldt, gerente de relacionamento e integrante da equipe MHS. Ela explicou os principais objetivos do projeto que é inovar, fomentar, transformar e divulgar a produção criativa do Brasil. Detalhou as próximas etapas que consistirão em 10 festivais regionais e três semanas de imersão com os finalistas ao prêmio.
Em seguida, foi a vez de Juliana Ribas Chaves contar que logo no início das inscrições, apresentou um projeto para a categoria moda, “A corredora vaga-lume: Performance com energia” e depois entendeu que seria melhor também se isncrever na categoria Ideia com o “Tecido Batanazara”, já que seu principal interesse é desenvolver um tecido baseado em biomimetismo com as características de um vaga-lume. Juliana lembrou que no seu vídeo apresentou uma produção caseira que a tia fez e por fim, gravou um curto depoimento com seu iPad, detalhando o seu projeto.
Mayra Teixeira Sérgio é uma das candidatas inscritas na categoria Cenografia. Crédito: Fernando Teixeira
Mayra Teixeira Sérgio diz que ficou muito contente em encontrar a categoria cenografia como parte do MHS. Ela se inscreveu o projeto “Quadra-mundi”, desenvolvido juntamente com Mariana Jannuzzi. É uma montagem de cubos brancos com projeções de ruas de diversos lugares onde o público poderá fazer uma passeio pela diversidade arquitetônica mundial.
Ronaldo Fraga começou sua palestra contando que foi a partir de um concurso que se descobriu um designer de moda. Ele participou do Concurso Santista que recebeu mais de 1680 inscrições. Lembra que, naquela época, para saber do andamento das próximas etapas, ele recebia uma telegrama e só para participar da final com 60 candidatos, recebeu um telefonema da organização para vir para São Paulo. Foi, também, a primeira vez que viajou de avião. Durante o processo de seleção, usou um caneta tinteiro para criar sua coleção. Já estava bem adiantado, quando uma outra candidata , muito nervosa com a prova, derrubou toda a tinta em cima de seus desenhos. Ele teve de refazer tudo de novo em um prazo bem curto, mas isso não o impediu de ganhar o prêmio que era uma bolsa de estudos na Parson’s School od Design, em Nova York. Ficou seis anos fora do Brasil, completando seus estudos na Saint Martins School, em Londres.
“ Naquela ocasião , percebi que havia sido jogado de um avião e que eu tinha paraquedas”, conta Fraga.”Vivi o risco e continuo com a mesma sensação ao desenhar uma nova coleção”. Ele conta que sempre parte de uma música para se inspirar e depois se joga no universo a ser pesquisado lendo livros, buscando referências, se transportando para a época, o lugar, o contexto. “ O que move é a paixão. A história do homem comum. Depois disso, vou construindo um cenário, um projeto gráfico, a roupa acaba pedindo para existir”, relata.
No mundo retratado de Noel Rosa, Pina Bausch, Nara Leão, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, entre 36 coleções feitas, tudo tem um caráter multidisciplinar, mas é no traço que se apresenta a primeira ideia. É o primeiro passo para um projeto e pode sustentar toda a escrita depois. “É uma fase muito solitária. De entender que não tem traço feio. De ter segurança de fazer, acreditando que é bonito”. Lembrou que mesmo assim é preciso buscar a técnica e que desde adolescente fez cursos de desenhos dos mais variados: de parafuso a moda.
Classifica todo o seu envolvimento com os personagens que busca trazer em seus desfiles como “uma apropriação cultural de um pais”. Nos oito minutos que dura a apresentação quer que o público seja transportado para outro lugar. “ Meu objetivo é tapar um buraco do meu tempo e não mostrar uma roupa. Isso se faz no showroom. Ali, eu conto a minha história, o meu olhar, a minha visão sobre o que percebi, realizei e sonhei”.
Ricardo Piquet, diretor de responsabilidade social coorporativo da Vale e da Fundação Vale, participa do evento. Crédito: Fernando Teixeira
Para levar esses sonhos adiante, o Movimento HotSpot conta com o patrocínio da Vale e da Riachuelo e com a parceria do SEBRAE Nacional. Para o diretor de responsabilidade social coorporativo da Vale e da Fundação Vale, Ricardo Piquet, o “MHS é uma oportunidade para que muita gente que não teria outra forma de acesso de mostrar seu talento, poder participar e ter uma chance de visibilidade”. Ele afirma que é uma aposta arrojada principalmente para atingir as comunidades do interior do Pará, Minas Gerais e Espírito Santo, onde a Vale atua diretamente.
No Rio de Janeiro, o evento teve o apoio, ainda, do Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Escola de Artes Visuais Parque Lage.