Zezão tem um jeito particular de criar. Sua matéria-prima vem do lixo da cidade e também são nas regiões degradadas que atrai o seu olhar e acaba sendo palco de intervenções urbanas.
Agora, o artista plástico paulistano traz um pouco deste ambiente para a na galeria Athena Contemporânea, em Copacabana. Com curadoria de Vanda Klabin, a exposição “Lembranças de um passado adormecido” revisita 14 obras com técnicas como colagem em madeira e pintura tendo como suporte cabeceiras de camas, bandejas, encostos de cadeira, tampos de mesa, placa de trânsito.
Zezão iniciou a sua carreira nos anos 1990, graffitando nas ruas de São Paulo, sempre com o olhar voltado para a exclusão social e lugares abandonados e inusitados da sua cidade. Em 1998, o ex-motoboy viu um filme sobre o artista americano Basquiat e a partir de então, se interessou por arte abstrata. Daí começou a fazer experiências até criar seu desenho mais característico, uma forma orgânica azul, que um amigo batizou de flop. A fotografia veio junto com o grafite, como forma de registrar uma manifestação que é efêmera. Mais tarde, enveredou ainda pela pintura e pela instalação.
No mês que vem, a artista faz as malas e vai para Londres, a convite de Cedar Lewishon, ex-curador da Tate Modern, grafitar canais da cidade. O destino seguinte é Hamburgo, onde participa do projeto Viva com Água, com renda revertida para causas ambientais em países subdesenvolvidos. A viagem termina em Basel, na Suíça, onde irá grafitar a casa de um curador. Os dois vão discutir uma individual na cidade, logo após ele voltar de Frankfurt, onde fará intervenções pela cidade, com outros brasileiros, como OsGemeos, Nunca e Speto, curador da categoria ilustração do MHS. É o grafitti brasileiro ganhando o mundo!